Cuidado: hábitos que podem aumentar suas compras no mercado
Você está no supermercado, pega um pacote de biscoitos com uma embalagem que brilha escrita “Fonte de Fibras” ou “Fitness”. Satisfeito com a sua escolha, acaba colocando no carrinho, disposto a pagar um pouco mais por esse suposto benefício. Mas, atenção! O que muitos esquecem é de dar uma olhada na tabela nutricional bem atrás, onde se esconde uma informação importante que pode significar um duplo “gasto escondido” — um para a sua saúde e outro para o seu bolso.
As alegações na frente da embalagem são estratégias de marketing pensadas para dar uma impressão de valor, justificando um preço mais alto. Mas a verdade sobre o produto, muitas vezes, está do lado de trás. Este guia vai te ajudar a decifrar a tabela nutricional como um profissional, para que você não pague a mais por benefícios que, na realidade, podem nem existir.
Qual o detalhe mais ignorado da tabela nutricional (e o mais enganoso)?
O grande segredo não está nas calorias ou nas gorduras, mas numa informação que vem antes de tudo: o tamanho da porção. Todos os dados nutricionais apresentados — calorias, carboidratos, açúcares, sódio — estão baseados numa porção específica, que muitas vezes é bem menor do que você imagina.
Esse truque é comum para fazer um produto parecer saudável. Por exemplo, um fabricante pode dizer que seu biscoito tem “apenas 8g de açúcar”, mas isso se refere a uma porção que corresponde a apenas três unidades. Isso significa que você pode acabar consumindo muito mais açúcar do que pensa. O custo para sua saúde é uma quantidade maior de açúcar. E o preço que você paga é por uma percepção de saúde que, na prática, desaparece assim que analisamos o consumo real.
Como um pacote de biscoitos ‘fit’ pode custar o dobro e ter o açúcar de um refrigerante?
Vamos a um exemplo prático. Imagine que você compra um pacote de cookies integrais “fitness” de 150g por R$ 18,00. A tabela mostra: “Porção de 25g (3 unidades) contém 7g de açúcares”. Sete gramas não parece tanto. Agora, façamos as contas. O pacote inteiro tem 6 porções (150g dividido por 25g). Se você comer tudo, terá consumido 42g de açúcar, o que equivale a quase 9 sachês de açúcar ou à mesma quantidade de açúcar em uma lata de refrigerante.
Aqui está o duplo prejuízo. Primeiro, para a sua saúde, como já vimos. E segundo, o financeiro: um pacote de biscoitos tradicionais com a mesma quantidade de açúcar pode custar cerca de R$ 9,00. Nesse caso, você pagou 100% a mais por um produto que, no final, apresenta a mesma quantidade de açúcar que um item comum, só por causa da ilusão de ser “fitness”.
O que os ‘açúcares adicionados’ revelam sobre o custo dos ingredientes?
Uma boa notícia é que a nova rotulagem de alimentos no Brasil trouxe uma ferramenta útil: a declaração dos “açúcares adicionados”. Essa informação ajuda a diferenciar os açúcares naturais dos que a indústria coloca para adoçar, como a sacarose, que são muito baratos.
O gasto escondido aqui está na qualidade da matéria-prima. Você pode estar desembolsando um valor alto por um iogurte “sabor morango” que parece gourmet, mas a tabela pode revelar que ele possui uma quantidade elevada de açúcares adicionados e pouquíssima fruta de verdade, muitas vezes usando só aromatizantes. No fim, você pode estar pagando por um produto de prestígio e recebendo só água, açúcar barato e aditivos químicos.
Para que serve a ‘lupa’ na frente da embalagem?
Outra mudança na legislação é a lupa de advertência frontal. Esse elemento é um alerta obrigatório para produtos que têm alto teor de três nutrientes críticos: “ALTO EM AÇÚCAR ADICIONADO”, “ALTO EM GORDURA SATURADA” ou “ALTO EM SÓDIO”.
Essa lupa é a sua primeira linha de defesa contra gastos desnecessários. Se um produto caro traz uma embalagem que promete saúde e bem-estar e ainda tem uma lupa, é hora de ficar alerta. Essa pode ser uma indicação clara de que os benefícios anunciados pelo marketing não justificam o preço que você está pagando. Esse é um bom momento para dar uma olhada mais crítica na tabela nutricional.
Por que até os produtos ‘doces’ podem ser uma bomba de sódio?
O sódio é outro “gasto escondido” que a leitura atenta da tabela pode revelar. Normalmente, associamos sódio a alimentos salgados, mas ele é amplamente utilizado pela indústria como conservante e realçador de sabor em praticamente tudo — de biscoitos doces a bolos e cereais matinais.
Embora o custo direto do sódio não apareça claramente, o impacto na saúde pode ser significativo, especialmente em relação à hipertensão. A presença elevada de sódio em um produto “doce” e caro é um sinal de que você pode estar pagando mais por algo ultraprocessado, e não por um alimento com qualidade nutricional.
Afinal, como ler uma tabela nutricional para proteger sua saúde e seu bolso?
Para evitar cair em armadilhas de marketing, siga este checklist de 4 passos sempre que pegar um produto com apelo saudável na prateleira:
Comece pela Porção: Dê uma olhada no tamanho da porção e quantas porções há por embalagem. Seja realista quanto ao que vai consumir e faça os cálculos para entender o impacto real na sua dieta.
Vá direto nos Açúcares Adicionados: Essa linha é seu “detector de ultraprocessados” e ingredientes baratos. Quanto menor o valor, melhor.
Procure pela Lupa: Dê uma checada na frente do pacote. Se uma lupa de advertência estiver presente, pode ser um sinal claro de que o produto deve ser consumido com moderação, e vale a pena questionar se o preço alto se justifica.
Compare o Preço por Quilo/Litro: Após avaliar a qualidade, compare o preço por unidade com a versão tradicional. Esse benefício “fitness” realmente vale a pena pagar o dobro? Geralmente, a resposta será não.
Seguindo esses passos, você quebra o código da indústria e toma controle total sobre suas escolhas, garantindo que seu dinheiro invista de verdade na sua saúde e não apenas no marketing.