Indústria brasileira cresce menos que o previsto em junho
A indústria brasileira teve um pequeno respiro em junho, com um crescimento de 0,1%, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse leve aumento interrompeu duas quedas consecutivas, mas ainda não é o suficiente para compensar a perda acumulada de 1,2% nos meses de abril e maio.
Atualmente, a produção industrial está 2% acima dos níveis pré-pandemia, mas ainda apresenta uma diferença de 15,1% em relação ao pico histórico, que foi alcançado em maio de 2011.
Quando olhamos para o ano, a situação não é tão otimista. A indústria caiu 1,3% em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Desses segmentos, 12 dos 25 apresentaram retração. O impacto foi mais forte nos bens de consumo semi e não duráveis, que caíram 8,8%, e nos bens de capital, com uma queda de 1,2%.
Os setores que mais puxaram para baixo incluem derivados de petróleo e biocombustíveis, que sofreram perda de 13,2%, e alimentos, com 3,2% de queda. Apesar disso, as indústrias extrativas tiveram um crescimento de 3,8%, impulsionadas pela produção de petróleo e minério de ferro.
Veículos puxam alta, mas alimentos e petróleo caem
Dentre os 25 segmentos analisados, 17 apresentaram crescimento em junho. O setor de veículos automotores foi o destaque, com um acréscimo de 2,4%, recuperando-se após uma queda de 4% em maio. Outras áreas que também avançaram foram a metalurgia (1,4%), celulose e papel (1,6%) e produtos de borracha e plástico (1,4%).
Por outro lado, três setores importantes — alimentos (-1,9%), derivados de petróleo e biocombustíveis (-2,3%) e indústrias extrativas (-1,9%) — acabaram contribuindo negativamente para o desempenho geral. Juntos, eles representam quase 45% da indústria nacional.
Conforme o IBGE, a queda na produção de alimentos está relacionada à diminuição da produção de açúcar, carnes e sucos. No setor de petróleo e biocombustíveis, a produção de álcool também enfrentou recuo.
Indústria cresce 0,5% no trimestre, mas desacelera
No segundo trimestre de 2025, a indústria cresceu 0,5% em comparação ao mesmo período de 2024. Apesar de ser um resultado positivo, esse número sinaliza uma desaceleração em relação aos trimestres anteriores: 2,1% no primeiro trimestre e 3,1% no último trimestre de 2024.
Entre as principais categorias econômicas, apenas os bens intermediários mostraram um aumento de ritmo, passando de 1,3% para 3%. Por outro lado, os bens de consumo semi e não duráveis sentiram uma queda de 5,9%, influenciados pela menor produção de carburantes. Os bens duráveis e os bens de capital também desaceleraram.
Mercado vê perda de fôlego e alerta para próximos meses
Esse resultado abaixo do esperado traz à tona um cenário de desaceleração. O Itaú Unibanco, por exemplo, projetava uma alta de 0,4%, enquanto a mediana do mercado apostava em 0,3%. O banco destacou que a fraqueza foi mais evidente na indústria extrativa, mas a de transformação também não atingiu as expectativas.
O Bradesco via um crescimento mais robusto que poderia chegar a 1%. Essa instituição acredita que a produção está perdendo força e que o segundo semestre será desafiador, especialmente para os setores que devem ser impactados por tarifas comerciais dos EUA que começam em agosto.
Por sua vez, a consultoria Buysidebrazil destaca que o setor está em um compasso de instabilidade. O crescimento de 0,1% foi puxado pela indústria de transformação, que cresceu 0,2%, enquanto o setor extrativo teve uma queda de 1,9%.
O economista Leonardo Costa, do ASA, acrescenta que esse ritmo mais lento reflete uma combinação de demanda interna reduzida, taxas de juros elevadas e o efeito das novas tarifas comerciais que foram anunciadas.