O Benefício de Prestação Continuada (BPC) é um programa assistencial fundamental no Brasil, regulado pela Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Embora seja pago pelo INSS, ele se diferencia em certos pontos dos benefícios da Previdência.
Ele garante o pagamento de um salário mínimo mensal a idosos com 65 anos ou mais e a pessoas com deficiência que comprovem estar em situação de vulnerabilidade social. Diferente de benefícios previdenciários, o BPC não exige contribuições ao INSS, sendo uma ferramenta essencial para a sobrevivência de milhões de brasileiros.
Atualmente, para se qualificar, é necessário que a renda familiar per capita não ultrapasse 1/4 do salário mínimo, além de cumprir outras exigências, como a inscrição no Cadastro Único (CadÚnico).
Governo propõe mudanças importantes no BPC
O Governo Federal anunciou um pacote de mudanças para o BPC, com o objetivo de reduzir gastos públicos e aprimorar o controle sobre o programa. Entre as principais propostas está a inclusão de novas fontes de renda no cálculo da renda familiar.
Hoje, aposentadorias e pensões de até um salário mínimo não são contabilizadas, mas o governo pretende incluir esses valores, mesmo que sejam de parentes que não residam no mesmo domicílio. Essa medida pode afetar diretamente muitos beneficiários, excluindo aqueles que ultrapassem o limite de renda estipulado.
Outra alteração relevante é a obrigatoriedade do cadastro biométrico para todos os beneficiários, que será usado tanto para novos pedidos quanto para atualizações cadastrais. O objetivo é melhorar a identificação e reduzir fraudes, mas especialistas alertam para dificuldades enfrentadas por pessoas que vivem em áreas remotas ou têm acesso limitado à tecnologia.
Além disso, o governo vai exigir a atualização cadastral de famílias que não renovaram seus dados nos últimos dois anos. A falta dessa atualização implicará na suspensão do benefício.
O pacote ainda redefine os critérios de incapacidade e impedimento de longo prazo, exigindo maior comprovação médica e documental para aqueles que alegam não poder trabalhar ou viver de forma independente.
Essas mudanças estão sendo encaminhadas ao Congresso Nacional, onde precisam de aprovação para entrar em vigor. A expectativa do governo é economizar até R$ 3 bilhões anuais com as alterações.
Saiba mais: Benefício de R$ 699 já está liberado na conta para inscritos no Cadastro Único
Novas exigências podem remover beneficiários da folha de pagamento?
As novas regras propostas pelo governo podem resultar na exclusão de muitos beneficiários do BPC. Um dos pontos mais polêmicos é a inclusão de rendas externas ao domicílio no cálculo da renda familiar.
Caso uma pessoa receba auxílio financeiro de parentes que não vivem na mesma residência, esse valor será considerado, o que pode fazer com que a família ultrapasse o limite de renda permitido. Especialistas argumentam que essa mudança contraria os princípios do Estatuto do Idoso e da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência.
Outro aspecto crítico é a exigência da biometria, que pode dificultar o acesso ao benefício em regiões com infraestrutura precária. Apesar do objetivo de aumentar o controle, há preocupação de que a medida crie barreiras para beneficiários em áreas rurais ou tecnológicas.
Além disso, beneficiários que não atualizarem seus dados no CadÚnico dentro do prazo de dois anos terão o benefício suspenso, o que reforça a necessidade de maior atenção aos prazos e requisitos.
A revisão cadastral planejada pelo governo pode impactar cerca de 1,2 milhão de beneficiários. Embora muitos concordem com a necessidade de transparência e controle, organizações sociais e defensores públicos temem que as mudanças resultem em exclusão de pessoas vulneráveis, que dependem do BPC para sobreviver.
A proposta, atualmente em tramitação no Congresso Nacional, é alvo de críticas e pode, inclusive, enfrentar questionamentos judiciais por conta dessas polêmicas.
Com as alterações, o governo busca equilibrar o orçamento e otimizar a gestão do programa. No entanto, as medidas levantam discussões sobre os limites entre eficiência fiscal e garantia de direitos, especialmente para as populações mais vulneráveis.
Veja mais: Demora muito para o INSS liberar o pagamento do BPC? Confira os procedimentos – CadÚnico Brasil