Salário mínimo de 2026 deve subir para R$ 1.631 e aumentar benefícios do INSS e do BPC
Novo piso nacional vai garantir reajuste para aposentadorias, pensões e programas sociais que usam o salário mínimo como base.
O governo federal estima que o salário mínimo de 2026 chegue a R$ 1.631, representando um aumento de cerca de 7,4% em relação aos R$ 1.518 atuais. A projeção faz parte do Projeto de Lei Orçamentária Anual e leva em conta a inflação acumulada e o crescimento do PIB, conforme a política de valorização do piso nacional.
O reajuste tem impacto direto sobre trabalhadores formais, aposentados, pensionistas e beneficiários de programas sociais como o BPC (Benefício de Prestação Continuada) e o Bolsa Família, que usam o salário mínimo como referência.
A medida mantém a política de valorização do salário, retomada para recuperar o poder de compra e reduzir as desigualdades no país.
Como o reajuste é calculado
Desde 2023, o valor do salário mínimo é calculado com base em dois fatores:
- A inflação medida pelo INPC do ano anterior;
- O crescimento real do PIB de dois anos antes.
Com o PIB de 2024 projetado em 2,9% e a inflação em 4,2%, o reajuste resultaria em um piso de R$ 1.631, o maior valor nominal da história. Essa fórmula garante ganho real acima da inflação sempre que a economia avança.
Impacto para aposentados e pensionistas
O aumento beneficia diretamente mais de 25 milhões de pessoas que recebem aposentadorias e pensões do INSS.
A partir de janeiro de 2026, quem recebe o valor atual do piso previdenciário — R$ 1.518 — passará a ganhar R$ 1.631, um acréscimo de R$ 113 por mês.
Outros benefícios vinculados ao salário mínimo, como auxílio-doença, pensão por morte e aposentadoria por invalidez, também serão reajustados automaticamente.
Além disso, o teto de contribuição do INSS e as contribuições mensais de trabalhadores e autônomos serão ajustados conforme o novo valor.
Reajuste do BPC/LOAS
O Benefício de Prestação Continuada (BPC), voltado a idosos e pessoas com deficiência em situação de vulnerabilidade, também acompanha o aumento.
O valor mensal passará de R$ 1.518 para R$ 1.631 a partir de 2026, reforçando a renda de cerca de 5 milhões de beneficiários em todo o país.
O governo ainda planeja modernizar o sistema de concessão do BPC, integrando os dados do CadÚnico e do INSS para acelerar análises e reduzir a fila de mais de 1 milhão de pedidos pendentes.
Reflexos sobre o Bolsa Família e outros programas
Embora o Bolsa Família mantenha o valor-base de R$ 600, os adicionais por criança, gestante e adolescente poderão ser ajustados conforme o novo salário mínimo.
O Auxílio Gás, que cobre o valor médio do botijão de 13 kg, também sofreria reajuste indireto, já que o aumento do piso afeta a renda média e o custo de vida das famílias.
Essas alterações criam um efeito em cadeia sobre os programas sociais, fortalecendo a rede de proteção e ampliando o alcance do apoio financeiro.
Aumento afeta trabalhadores informais e MEIs
O reajuste também impacta microempreendedores individuais (MEIs) e trabalhadores informais.
Para os MEIs, a contribuição mensal ao INSS é equivalente a 5% do salário mínimo, o que fará o recolhimento subir de R$ 75,90 para cerca de R$ 81,55.
Esse aumento garante a manutenção dos direitos previdenciários básicos, como aposentadoria, auxílio-doença e salário-maternidade.
Mesmo com o acréscimo, o valor ainda é considerado acessível para quem busca formalização e proteção social.
Custos e desafios fiscais
O reajuste traz ganhos diretos ao consumo e à economia, mas também pressiona o orçamento público.
Segundo o Ministério da Fazenda, cada R$ 1 de aumento no salário mínimo representa um custo adicional de cerca de R$ 370 milhões por ano.
Esse impacto é sentido principalmente nas despesas com previdência, assistência e seguro-desemprego, que respondem por mais de 70% dos gastos primários da União.
O governo, porém, busca equilibrar o reajuste com metas fiscais do novo arcabouço, garantindo valorização sem comprometer as contas públicas.
Ganho real e recuperação do poder de compra
Mesmo com o desafio fiscal, o aumento representa um ganho real para os trabalhadores e beneficiários.
Após anos de defasagem frente à inflação, o novo valor deve recuperar parte do poder de compra e estimular o consumo, especialmente em setores como alimentação, transporte e vestuário.
De acordo com o Dieese, cada 1% de reajuste no salário mínimo movimenta até R$ 8 bilhões no PIB, impulsionando o comércio e os serviços locais.
O aumento para R$ 1.631 reforça, portanto, o papel do salário mínimo como motor da economia nacional.
Programas e benefícios atrelados ao salário mínimo
O reajuste do piso nacional corrige automaticamente valores de diversos programas sociais e trabalhistas. Entre eles:
- BPC/LOAS: sobe para R$ 1.631;
- Seguro-desemprego: passa a ter piso de R$ 1.631;
- Abono salarial PIS/Pasep: valor máximo será de R$ 1.631;
- Contribuição de donas de casa e autônomos de baixa renda: aumenta para R$ 81,55 mensais.
Esses reajustes beneficiam mais de 50 milhões de brasileiros, reforçando a importância do salário mínimo como referência na economia.
Perspectivas para 2027
A política de valorização será mantida até o fim da década, com reajustes reais sempre que o PIB crescer.
Projeções indicam que o piso pode chegar a R$ 1.750 em 2027 e ultrapassar R$ 2.000 até 2030, acompanhando o ritmo da economia.
Essa política é vista como parte essencial da inclusão social e da retomada do crescimento, fortalecendo o poder de compra e reduzindo desigualdades regionais.
O que muda na vida do trabalhador e do beneficiário
Com o novo mínimo de R$ 1.631, milhões de pessoas terão aumento direto na renda mensal, aliviando o orçamento das famílias.
Para aposentados e beneficiários do BPC, isso significa mais segurança, autonomia e maior poder de compra.
Além de corrigir benefícios e contribuições, o reajuste reafirma o papel do salário mínimo como base de dignidade para o trabalhador brasileiro.
Mais do que um número no contracheque, ele representa o avanço da renda e a consolidação de uma política voltada à valorização do trabalho e à redução da desigualdade.