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PIB do Reino Unido recua pelo segundo mês e afeta juros

A economia do Reino Unido surpreendeu negativamente ao registrar uma queda inesperada de 0,1% em maio, marcando o segundo mês seguido de recuo. Com isso, as expectativas aumentam para que o Banco da Inglaterra (BoE) comece a reduzir a taxa básica de juros, conforme dados do Escritório Nacional de Estatísticas (ONS). Esse resultado pegou o mercado de surpresa, que esperava um crescimento tímido de 0,1%.

Em abril, já havia uma queda de 0,3% no Produto Interno Bruto (PIB), a maior desde outubro do ano passado. Esse retrocesso foi puxado, em grande parte, pela diminuição das exportações para os Estados Unidos, em decorrência do aumento das tarifas comerciais.

Com essas duas quedas consecutivas, o Reino Unido pode enfrentar uma contração econômica no segundo trimestre de 2025, mesmo após um início de ano mais otimista. Quando analisamos o ano todo, a economia britânica teve um crescimento de 0,7% em maio, mas apresentando uma desaceleração em relação ao 0,9% de abril.

Produção e construção puxam PIB para baixo

De acordo com Liz McKeown, diretora de estatísticas econômicas do ONS, a economia sofreu uma leve contração em maio, notadamente devido a quedas na produção industrial e na construção. Enquanto a produção industrial teve uma diminuição de 0,9%, a fabricação caiu 1%. Por outro lado, o setor de serviços conseguiu registrar um leve crescimento, amenizando a queda geral.

PIB aumenta expectativa de corte nos juros

O Banco da Inglaterra já manteve a taxa básica de juros em 4,25% na última reunião, mas os dados fracos de maio reforçam a possibilidade de uma redução. O mercado acredita que o BoE pode realizar dois cortes de 0,25 ponto percentual até o fim do ano, encerrando 2025 com juros em 3,75%. Em um relatório recente sobre a estabilidade financeira, o BoE reconheceu que as perspectivas de crescimento para 2025 são mais fracas e incertas. Segundo o presidente do BoE, Andrew Bailey, os riscos relacionados a tensões geopolíticas e problemas no comércio global permanecem elevados.

Tarifas afetam demanda do Reino Unido

As exportações britânicas para os Estados Unidos, que haviam caído bastante em abril, mostraram uma leve recuperação em maio, com um aumento de 0,3 bilhões de libras (cerca de 407 milhões de dólares). Essa melhora ocorreu após um acordo comercial entre os dois países, embora o impacto ainda seja considerado restrito, focando mais na redução das tarifas sobre a maioria dos carros importados. Além disso, os EUA têm um superávit comercial em bens com o Reino Unido, o que diminui os efeitos positivos do novo acordo. A valorização da libra frente ao dólar também encarece os produtos britânicos, tornando-os menos atrativos para compradores nos Estados Unidos.

Consumo é pressionado por desemprego e impostos

O cenário econômico também é refletido no mercado de trabalho. Em maio, o Reino Unido viu uma queda de 109 mil empregos, a pior desde o início da pandemia de Covid-19 em 2020. Essa redução impacta diretamente o consumo das famílias e acentua a desaceleração econômica. Fatores fiscais, como o aumento do imposto de selo sobre imóveis implementado em abril, também contribuíram para a queda na atividade econômica no setor jurídico. Os custos de energia e do Seguro Nacional aumentaram, elevando o custo de vida e pressionando ainda mais o consumo familiar.

Setor imobiliário no Reino Unido dá sinais de melhora

Apesar de todos esses desafios, há uma luz no fim do túnel para o setor imobiliário britânico. Dados do Royal Institution of Chartered Surveyors (RICS), divulgados recentemente, mostram que as consultas de novos compradores foram positivas em junho, com o primeiro avanço desde dezembro. As vendas acordadas também começaram a se recuperar, indicando que a situação pode estar melhorando, mesmo após a pressão dos aumentos de impostos sobre transações imobiliárias.

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