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Mulheres superam homens e se tornam maioria nas aposentadorias do INSS: o que isso significa para a Previdência

Dados recentes do INSS mostram que o número de mulheres aposentadas e pensionistas ultrapassou o de homens, refletindo as mudanças sociais e o crescimento da longevidade feminina.

Mulheres são a maioria entre aposentados do INSS, superando os homens. Entenda os fatores por trás dessa mudança e o impacto no equilíbrio financeiro da Previdência.

Um marco importante aconteceu recentemente: as mulheres se tornaram maioria entre os beneficiários do Instituto Nacional do Seguro Social, o INSS. Elas ultrapassaram o número de homens, não só nos benefícios assistenciais, mas também nas aposentadorias.

Essa mudança de cenário reflete a transformação social e a crescente participação feminina no mercado de trabalho formal ao longo das últimas décadas. É um sinal de que mais mulheres estão conseguindo cumprir os requisitos de tempo de contribuição ou idade.

Apesar de serem maioria em número de benefícios, é preciso notar um detalhe importante: o valor médio das aposentadorias das mulheres costuma ser menor em comparação com o dos homens. Essa diferença reflete a persistente desigualdade salarial e as interrupções na carreira por conta da maternidade ou dos cuidados familiares.

É essencial entender o que está por trás dessa liderança feminina e como isso afeta a saúde financeira da Previdência Social no Brasil.

Os números que mostram a virada

Os dados mostram que a participação feminina no total de aposentados tem crescido de forma constante. Enquanto no começo dos anos 2000 as mulheres representavam cerca de 44% dos aposentados, atualmente essa fatia ultrapassa os 50%.

O ritmo de crescimento no número de aposentadorias concedidas às mulheres tem sido consistentemente maior do que o registrado para os homens nos últimos anos. Isso indica uma aceleração na inclusão delas no sistema.

Essa tendência já é observada desde 2018 e se mantém firme. Em termos de despesa, significa que a maior parte dos recursos pagos em benefícios está sendo direcionada para as seguradas.

A aposentadoria por idade é, de longe, o benefício mais concedido às mulheres. Isso sugere que a informalidade ou as pausas na vida profissional dificultam que elas atinjam o tempo de contribuição completo, optando pela regra de idade mínima.

O desafio da longevidade feminina

Um dos principais fatores que explica o domínio feminino no INSS é a expectativa de vida. As mulheres brasileiras vivem, em média, cerca de sete anos a mais que os homens.

Viver por mais tempo significa que o INSS precisa pagar o benefício por um período maior. Essa longevidade superior das mulheres é um dos pontos que mais pressiona o equilíbrio financeiro da Previdência.

É por isso que, historicamente, a legislação previdenciária sempre teve regras um pouco mais brandas para as mulheres, como uma idade ou tempo de contribuição reduzidos. Essas regras visavam compensar as duplas e triplas jornadas que elas costumam enfrentar.

No entanto, com as recentes reformas, essa diferença nas regras para ambos os sexos está diminuindo progressivamente. O objetivo é ajustar o sistema à nova realidade demográfica do país.

O impacto no déficit da Previdência

O crescimento no número de beneficiárias mulheres tem um impacto direto nas contas da Previdência. Afinal, a despesa aumenta, enquanto a arrecadação precisa acompanhar o ritmo para evitar um rombo ainda maior.

O regime geral da Previdência Social (RGPS) opera com déficit, ou seja, gasta mais com o pagamento de benefícios do que arrecada com as contribuições. A crescente longevidade feminina e o aumento de aposentadas exacerbam esse desafio.

É importante frisar que o déficit da Previdência é uma preocupação fiscal real, mas é resultado de vários fatores estruturais, como o envelhecimento da população, a alta informalidade no mercado de trabalho e as próprias regras do sistema.

O debate atual gira em torno de como garantir a sustentabilidade fiscal sem penalizar a justiça social, especialmente para as mulheres que enfrentam barreiras específicas na carreira.

As regras de transição em 2024 e o que esperar

A última reforma da Previdência, de 2019, estabeleceu regras de transição que mudam anualmente, afetando diretamente quem está perto de se aposentar. Em 2024, houve ajustes, por exemplo, na regra de pontos e na idade mínima progressiva.

Na regra de pontos, a soma da idade com o tempo de contribuição subiu para 91 pontos para as mulheres. Já na regra da idade mínima progressiva, a idade para as mulheres chegou a 58 anos e seis meses, mantendo-se os 30 anos de contribuição.

Essas mudanças buscam um equilíbrio gradual, aumentando os requisitos de forma lenta, para que o sistema se adapte ao aumento da expectativa de vida. Para quem ainda está longe de se aposentar, a regra permanente já exige 62 anos de idade para as mulheres.

A liderança das mulheres nas aposentadorias é um reflexo do tempo. Agora, o desafio é garantir que essa maioria não apenas receba o benefício, mas que ele seja digno e suficiente para uma vida longa e de qualidade. O planejamento previdenciário nunca foi tão essencial.

Janaína Silva

Amante da leitura desde sempre, encontrei nas palavras um refúgio e uma forma poderosa de expressão. Escrever é, para mim, uma paixão que se renova a cada página, a cada história contada. Gosto de transformar ideias em textos que tocam, informam e inspiram. Entre livros, pensamentos e emoções, sigo cultivando o prazer de comunicar com autenticidade.

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