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BPC e Bolsa Família: é possível acumular os benefícios?

O BPC e o Bolsa Família agora podem ser recebidos juntos, uma mudança que trouxe boas notícias para milhões de brasileiros. Essa alteração, que faz parte da Lei nº 14.601/2023, corrige uma situação que impedia muitas famílias em vulnerabilidade de acumular os dois programas sociais.

Agora, o valor do Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS) não entra mais no cálculo da renda familiar para a concessão do Bolsa Família. Com isso, idosos e pessoas com deficiência que já recebem o BPC conseguem manter esse benefício e, ao mesmo tempo, receber o auxílio do Bolsa Família para o restante da família.

Entenda o que é o BPC e o Bolsa Família

Antes de falarmos sobre o que mudou, é bom compreender como funciona cada um desses benefícios.

O que é o BPC (Benefício de Prestação Continuada)?

O BPC, que também é conhecido como LOAS, é um benefício assistencial garantido pela Lei Orgânica da Assistência Social. Ele assegura um pagamento de um salário mínimo mensal a:

  • Idosos com 65 anos ou mais que comprovem ter baixa renda.
  • Pessoas com deficiência, de qualquer idade, que tenham impedimentos de longo prazo.

Diferente de uma aposentadoria, o BPC não exige contribuição ao INSS, mas sim uma análise da renda e condições sociais do requerente.

O que é o Bolsa Família?

O Bolsa Família é o principal programa de transferência de renda do governo federal, focado em ajudar famílias em situação de pobreza e extrema pobreza.

Os critérios para participar são:

  • Renda familiar mensal de até R$ 218 por pessoa.
  • Inscrição e atualização no Cadastro Único (CadÚnico).
  • Cumprimento de condicionalidades, como frequência escolar e vacinação infantil.

O valor do benefício começa em R$ 600, podendo aumentar com base no perfil da família, incluindo gestantes e crianças.

O que mudou na lei para acumular BPC e Bolsa Família

A grande mudança foi trazida pela Lei 14.601/2023, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Antes, o valor do BPC entrava no cálculo da renda familiar, e muitas vezes isso fazia com que as famílias perdessem o direito ao Bolsa Família. Com a nova regra, o BPC é ignorando nesse cálculo, permitindo que famílias com idosos ou pessoas com deficiência continuem elegíveis.

Como era a regra antiga

Antes de 2022, a renda do beneficiário do BPC era somada à renda total da família. Vamos a um exemplo para ilustrar isso:

Suponha que uma família de quatro pessoas tenha um membro recebendo BPC de R$ 1.412. O cálculo ficava assim:

  • Renda total: R$ 1.412.
  • Renda per capita: R$ 1.412 / 4 = R$ 353.

Como o limite para receber o Bolsa Família é de R$ 218 por pessoa, essa família ficava excluída do benefício, mesmo que estivesse em uma situação financeira delicada.

Como funciona a nova regra

Agora, com a nova legislação, o valor do BPC é desconsiderado na conta da renda per capita. Usando o mesmo exemplo acima, a conta seria:

  • Renda considerada para cálculo: R$ 0, pois o BPC não é levado em conta.
  • Renda per capita: R$ 0 / 4 = R$ 0.

Dessa forma, a família pode acessar o Bolsa Família e continuar recebendo o BPC com tranquilidade.

Quem pode acumular os dois benefícios

Para acumular o BPC e o Bolsa Família, a família deve atender aos critérios de ambos os programas.

Requisitos para o Bolsa Família

  • Estar inscrito no CadÚnico.
  • Ter renda mensal por pessoa de até R$ 218, excluindo o valor do BPC.
  • Cumprir as condicionalidades de educação e saúde.

Requisitos para o BPC/LOAS

  • Ser idoso com 65 anos ou mais ou pessoa com deficiência.
  • Ter renda familiar inferior a 1/4 do salário mínimo por pessoa.
  • Estar com o CadÚnico atualizado.

Ambos os programas fazem a análise dos dados familiares, mas de maneira independente.

Como solicitar o Bolsa Família se já recebo o BPC

Se você já recebe o BPC e acha que sua família pode ter direito ao Bolsa Família, o primeiro passo é garantir que seu Cadastro Único esteja atualizado.

Passo a passo para solicitar

  1. Procure o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) mais perto de você.
  2. Leve os documentos pessoais de todos os membros da família.
  3. Informe ao atendente que recebe o BPC e deseja uma avaliação para o Bolsa Família.
  4. Espere a análise e liberação pelo Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS).

Não precisa ir ao INSS para isso, pois o Bolsa Família é gerido diretamente pelo MDS e pela Caixa Econômica Federal.

Documentos exigidos

  • CPF e documento de identidade de todos os membros da família.
  • Comprovante de residência atualizado.
  • Comprovante de renda (se houver).
  • Laudo médico (para Pessoa com Deficiência, já registrado no BPC).

E quem já recebe o Bolsa Família e quer solicitar o BPC?

Se a família já recebe o Bolsa Família e tem um idoso ou pessoa com deficiência, pode solicitar o BPC diretamente ao INSS.

As solicitações podem ser feitas:

  • Pelo site ou aplicativo Meu INSS.
  • Pelo telefone 135.
  • Presencialmente em uma agência, com agendamento prévio.

O INSS fará uma análise socioeconômica e médica, considerando o CadÚnico.

Importância de manter o CadÚnico atualizado

O Cadastro Único é fundamental tanto para o BPC quanto para o Bolsa Família. Se as informações estiverem divergentes, o benefício pode ser bloqueado ou até suspenso.

O governo recomenda que o cadastro seja atualizado a cada dois anos ou sempre que houver mudanças, como endereço, composição familiar ou renda. Essa atualização é gratuita e pode ser feita no CRAS ou em postos municipais do CadÚnico.

Benefícios complementares e impactos sociais

Poder acumular o BPC e o Bolsa Família representa um avanço social significativo. Milhares de famílias que antes contavam apenas com um salário mínimo agora têm um reforço na renda, o que melhora as condições de alimentação, saúde e moradia.

Além disso, essa mudança busca reduzir a extrema pobreza e promover a inclusão social das pessoas com deficiência.

Benefícios extras do Bolsa Família

O programa traz complementos como:

  • R$ 150 por criança de até 6 anos (Benefício Primeira Infância).
  • R$ 50 por criança ou adolescente de 7 a 18 anos.
  • R$ 50 para gestantes e lactantes.

Esses valores são pagos junto ao benefício principal, ampliando a renda familiar.

O que fazer se o benefício for negado

Se o pedido para o Bolsa Família ou BPC for negado, você tem direito a um recurso administrativo.

No caso do Bolsa Família

  • O recurso deve ser solicitado no CRAS ou setor do CadÚnico.
  • O prazo é de 30 dias após a notificação.
  • O MDS reavaliará o cadastro e pode conceder o benefício se houver erro na análise.

No caso do BPC

  • O recurso é feito diretamente ao INSS pelo aplicativo Meu INSS.
  • O prazo de contestação também é de 30 dias.
  • Você pode apresentar novos documentos e laudos.

Acumular os benefícios é um direito garantido por lei

A possibilidade de acumular o BPC e o Bolsa Família é uma das mudanças mais importantes na política social recente. Essa nova regra corrige uma injustiça histórica, permitindo que famílias em vulnerabilidade tenham uma renda mais digna.

Agora, com o BPC sendo ignorado no cálculo da renda familiar, milhões de famílias podem receber ambos os benefícios, garantindo mais estabilidade e inclusão social.

Diego Marques

Tenho 21 anos e sou de Sobral (cidade onde foi comprovada a teoria da relatividade em 1919), atualmente, estou terminando a faculdade de enfermagem e trabalhando na redação de artigos, através das palavras, busco ajudar o máximo de usuários possíveis.

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