A iniciativa, que pagava bônus a servidores para acelerar análises, foi paralisada. A medida afeta mais de 2,6 milhões de pedidos de benefícios.
Quem está na fila de espera por uma aposentadoria, pensão ou outro benefício do INSS acaba de receber uma notícia bem desagradável. O Instituto Nacional do Seguro Social suspendeu o programa que era a principal aposta para acelerar a análise desses pedidos.
A paralisação, que é imediata, aconteceu por um motivo bem direto: falta de orçamento. Os recursos destinados para bancar a iniciativa acabaram antes do previsto.
Essa medida afeta diretamente mais de 2,6 milhões de brasileiros que aguardavam a liberação de algum tipo de benefício. Esse número se refere ao estoque de processos acumulados em agosto.
O programa suspenso funcionava como um mutirão. Ele pagava um bônus por produtividade aos servidores que trabalhavam em análises e perícias fora do expediente normal.
Agora, sem a verba para bancar essa remuneração adicional, o esforço para diminuir a fila foi, pelo menos por enquanto, paralisado. É um revés grande para a gestão do INSS.
O que Acontece com os Processos
A suspensão do programa não para só nas novas análises. Ela muda todo o fluxo de trabalho do INSS.
De acordo com o ofício interno que comunicou a decisão, todas as tarefas que estavam sendo analisadas dentro da fila extraordinária precisam voltar para a fila comum, a chamada ordinária.
Isso significa que esses processos vão perder a prioridade que tinham e passarão a seguir o ritmo normal de trabalho dos servidores, que não é acelerado pelo bônus de produtividade.
O documento também orienta a suspensão ou o remanejamento dos agendamentos do Serviço Social que estavam marcados para ocorrer fora do horário regular de trabalho.
A principal preocupação é que essa interrupção leve a um novo aumento no tempo médio de espera. O órgão tinha como meta analisar os pedidos em até 45 dias, mas essa promessa fica mais distante.
Entenda o Programa Suspenso
O programa paralisado, que na verdade é a mais recente versão de um esforço contínuo, tinha sido criado para substituir uma iniciativa anterior que acabou em 2024. O objetivo era claro: pagar por produtividade para acelerar a concessão de benefícios.
Os servidores do INSS, por exemplo, recebiam um valor por cada processo concluído, e os peritos médicos federais ganhavam um adicional por perícia ou análise documental realizada além da rotina.
Essa iniciativa se tornou crucial justamente por causa do acúmulo histórico de pedidos. O volume da fila cresceu bastante nos últimos anos, muito por causa de uma greve de peritos médicos.
O orçamento inicial para a execução do programa em 2025 era de R$ 200 milhões. No entanto, a verba foi totalmente consumida antes de chegarmos ao fim do ano.
A autarquia informou que a suspensão é temporária e indispensável para evitar problemas administrativos, já que não havia mais dinheiro garantido para os pagamentos.
O Próximo Passo do INSS
Apesar da paralisação, o INSS já está em movimento para tentar resolver o problema. O órgão confirmou que solicitou uma suplementação de recursos ao Ministério da Previdência.
O valor pedido é de cerca de R$ 89,1 milhões. A expectativa é que, se o dinheiro for liberado, o programa possa ser retomado ainda neste ano.
Até lá, os servidores vão atuar apenas dentro da jornada regular, focando nas atividades de rotina, sem o incentivo financeiro para acelerar as análises.
A situação reflete um cenário de restrição fiscal que o governo está enfrentando. Decisões de bloqueio de verbas em diversas áreas acabam respingando em programas sociais e de atendimento à população.
Enquanto a questão orçamentária não se resolve, a atenção dos segurados deve ser redobrada. Quem está aguardando o benefício precisa monitorar seu processo de perto e se preparar para um prazo de espera que tende a ser mais longo.
