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A influência da memória da infância nas suas compras atuais

Você está lá, no supermercado, olhando as prateleiras, e, de repente, avista aquele chocolate da sua infância ou um salgadinho que te lembra os anos 90. É uma sensação inexplicável, não é? A alegria instantânea invade seu coração e, sem pensar muito, você joga o produto no carrinho. Se isso já aconteceu com você, saiba que não foi por acaso. Você acaba de ser capturado pelo poderoso marketing da nostalgia.

Essa estratégia, usada pelas grandes marcas, se baseia nas nossas memórias afetivas. Ao criar um laço emocional com um produto, elas nos tornam muito mais propensos a comprá-lo — muitas vezes, até pagando mais caro por essa “viagem ao passado”. Vamos explorar juntos essa psicologia por trás do marketing da nostalgia e entender por que estamos tão dispostos a investir em um gostinho da nossa infância.

Por que memórias da infância são uma ferramenta de venda tão poderosa?

A nostalgia é uma emoção complexa, mas geralmente positiva. Ela nos leva de volta para uma época que, na memória, parece mais tranquila e segura. Em tempos difíceis, essas lembranças funcionam como um verdadeiro “porto seguro”.

Quando uma marca consegue ligar seu produto a essa sensação aconchegante, ela não está apenas vendendo um item. Ela oferece uma experiência, uma pequena fuga para momentos de pura felicidade. O marketing da nostalgia, portanto, apela diretamente para o nosso coração, fugindo da lógica pura das compras.

Como as marcas ‘ressuscitam’ o passado para nos fazer comprar no presente?

As empresas têm várias estratégias para nos fazer sentir essa nostalgia. Elas são pensadas para serem reconhecíveis e causarem um impacto imediato, como um “nossa, eu me lembro disso!”.

Algumas das táticas mais eficazes são:

  • Embalagens Retrô: Relançar produtos com design e logotipo de décadas passadas. Essa familiaridade visual é instantânea.

  • Edições Limitadas: Trazer de volta produtos que saíram de linha, como um sabor de refresco ou um chocolate, por tempo limitado. Isso cria urgência.

  • Referências Culturais: Utilizar em campanhas músicas, personagens de desenhos animados e jingles que fizeram sucesso no passado.

  • Produtos Colecionáveis: Lançar itens como brindes ou álbuns que remetem a coleções que ainda são lembradas com carinho.

Por que estamos dispostos a pagar um ‘preço premium’ por essa sensação?

Aqui está o truque. Quando a nostalgia entra em cena, ficamos menos sensíveis ao preço. O que importa não é só o produto em si, mas a emoção que ele traz à tona.

Pagamos pelo produto, claro, mas o que realmente compramos é a experiência de reviver momentos felizes. Um chocolate não é apenas um chocolate; é um “ingresso” para uma tarde na casa da avó. Um salgadinho não é só um lanche; é a lembrança do recreio da escola. Esse valor percebido é tão grande que um preço um pouco mais alto parece um investimento pequeno para uma recompensa emocional rápida.

Somos todos ‘vítimas’ do marketing da nostalgia, ou existe um alvo principal?

A nostalgia pode tocar todas as idades, mas, atualmente, o alvo principal dessas estratégias são os Millennials (nascidos entre 1981 e 1996) e a Geração X (nascidos entre 1965 e 1980). Por quê? Essas pessoas estão no auge do poder de compra.

Essas gerações cresceram nos anos 80, 90 e início dos anos 2000, períodos de grandes transformações. As lembranças desse tempo são marcantes, e as marcas sabem disso. Focando nesses adultos, elas não apenas evocam memórias afetivas, mas também criam oportunidades para que esses consumidores apresentem esses produtos aos seus filhos, gerando um novo ciclo de consumo.

Quais exemplos no Brasil mostram essa estratégia em ação?

Aqui no Brasil, não faltam exemplos de marketing da nostalgia. Muitas marcas já perceberam o quanto é eficaz “ressuscitar” o passado. O chocolate “Lollo” é um caso emblemático. Após muitos pedidos dos fãs, voltou ao mercado com seu nome e embalagem originais, fazendo sucesso imediato.

Outros exemplos incluem o relançamento de chicletes que marcaram época, como o “Ploc Monsters”, e campanhas de Natal de marcas como a Bauducco, que mantém uma estética e jingle familiares, trazendo de volta memórias de tradições em família.

Como apreciar a nostalgia sem deixar que ela controle sua carteira?

Valorizar essas memórias é lindo, mas é essencial fazer isso de forma consciente, para que a nostalgia não se torne uma armadilha para o seu planejamento financeiro.

Algumas dicas úteis:

  • Reconheça o gatilho emocional: Esteja ciente de que o desejo de comprar pode ser influenciado por uma estratégia de marketing.

  • Pause e questione: Respire fundo antes de comprar. Pergunte-se se está levando o produto ou apenas a memória que ele traz. Você realmente precisa disso agora?

  • Defina um “orçamento nostalgia”: Não tem problema em se dar um mimo de vez em quando. Estipule um valor mensal para essas compras nostálgicas, assim você aproveita sem comprometer seu orçamento com gastos impulsivos.

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