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Dois milhões fora do programa em 2025; saiba mais

Neste ano, o Bolsa Família passou por uma das transformações mais significativas de sua história. Com uma série de revisões no cadastro e cruzamento de informações com outras bases de dados federais, o governo anunciou que mais de 2 milhões de famílias foram excluídas do programa. Esse número é impactante, não só pela quantidade, mas também pelo contexto: é o maior corte desde que o programa social foi retomado durante a gestão do Lula.

O que antes era visto como um sinal de vulnerabilidade agora é analisado sob uma nova perspectiva. Segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS), muitas dessas famílias não estão mais no programa porque tiveram um aumento na renda per capita. Para o governo, isso é um indício de avanços econômicos e fortalecimento do mercado de trabalho. No entanto, especialistas alertam que, por trás desses números, ainda existem desafios de inclusão e desigualdade que persistem.

Entenda o novo cenário do Bolsa Família no Brasil

O Bolsa Família é a maior iniciativa de transferência de renda do Brasil e um símbolo das políticas de combate à pobreza desde os anos 2000. Criado para garantir segurança alimentar e inclusão social, o programa passou por reformulações em 2023, adicionando novas faixas de benefícios e implementando regras mais rigorosas, com o intuito de incentivar a autonomia econômica das famílias.

Nos últimos dois anos, o governo reforçou a ideia de que o Bolsa Família não deve ser uma ajuda permanente, mas sim uma ponte para a independência financeira. A proposta é que os beneficiários utilizem o programa como apoio temporário até conseguirem estabilizar suas vidas por meio de trabalhos formais ou empreendendo.

Contudo, essa estratégia tem suas repercussões. Embora melhore a qualidade de vida de parte da população, outras famílias, que ainda enfrentam insegurança financeira, podem estar sendo excluídas do programa, especialmente em áreas onde o custo de vida aumentou mais rapidamente do que a renda.

Quem ficou de fora do Bolsa Família em 2025

Em 2025, o MDS informou que 2,06 milhões de famílias deixaram o programa. Desse total, 1,3 milhão foi desvinculada automaticamente após aumento na renda familiar, enquanto 726,7 mil perderam o benefício com o fim da regra de proteção, que permitia a manutenção temporária do auxílio por até 12 meses em caso de crescimento de renda.

Atualmente, o Bolsa Família atende famílias com renda per capita de até R$ 218. Existe também uma faixa intermediária chamada regra de transição, que permite a permanência de quem tem renda entre R$ 218 e R$ 706 por pessoa, mas com benefício reduzido.

O ministro Wellington Dias deixou claro que o foco é tornar o programa mais eficiente: “Quem entra no Bolsa Família só sai para cima — seja porque conseguiu um emprego, seja porque abriu o próprio negócio”. Entretanto, muitos especialistas alertam que o Brasil ainda enfrenta desigualdade regional profunda. Algumas das famílias que saíram podem estar em uma situação de “falsa ascensão”, com renda instável ou emprego informal.

Emprego formal e empreendedorismo: motores da transição

Os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) ajudam a entender parte dessa realidade. No primeiro semestre de 2025, 58% das novas vagas formais foram preenchidas por pessoas registradas no CadÚnico, a base de dados que alimenta o Bolsa Família.

Esse movimento aponta para uma reintegração gradual ao mercado de trabalho, impulsionada pela recuperação econômica e pelas políticas de incentivo à formalização. Além disso, um levantamento do Sebrae, em parceria com o MDS, mostrou que 55% dos microempreendedores individuais (MEIs) vinculados ao CadÚnico começaram a empreender após entrar no sistema. Isso significa que aproximadamente 2,5 milhões de pessoas entre 4,6 milhões de MEIs estão nessa situação.

Esses dados revelam uma mudança no perfil dos beneficiários: o Bolsa Família está se transformando em uma ferramenta de transição econômica, preparando as pessoas para o mercado de trabalho e estimulando o empreendedorismo popular.

Novas regras do Bolsa Família em 2025

As mudanças implementadas em maio de 2025 foram determinantes para a queda no número de beneficiários. De acordo com o governo, o objetivo é focalizar os recursos nas famílias realmente vulneráveis, evitando fraudes e distorções no sistema.

Antes das alterações, quem ultrapassasse o limite de renda continuava recebendo o benefício por até 24 meses, desde que o valor não superasse meio salário mínimo (R$ 756). Agora, esse prazo foi reduzido para 12 meses, e o teto de renda é de R$ 706.

Com essas regras, muitas famílias em situação de transição foram automaticamente desligadas. O governo argumenta que essa mudança proporciona maior rotatividade, dando espaço a novos beneficiários em condições mais críticas.

O orçamento do programa também sofreu ajustes: para 2025, foram destinados R$ 159,5 bilhões, cerca de R$ 10 bilhões a menos do que em 2024. Para 2026, a previsão é de R$ 158,6 bilhões, sendo que R$ 134,4 bilhões já foram empenhados até outubro.

O que muda para o beneficiário

  • Prazo de permanência na regra de proteção diminuído de 24 para 12 meses.
  • Limite de renda para manutenção parcial reduzido para R$ 706 por pessoa.
  • Ampliação da fiscalização do CadÚnico para evitar inconsistências.

Essas mudanças refletem uma tentativa de equilibrar a assistência social e a responsabilidade fiscal, reforçando o controle e a eficiência do programa.

Efeitos positivos e desafios da transição

Para o governo, os desligamentos não significam perda de proteção social, mas sim um sinal de progresso. O ministro Wellington Dias afirma que o aumento da renda e o crescimento do emprego formal são indícios de que o Bolsa Família está cumprindo sua função de ser um degrau de ascensão social.

Por outro lado, o grande desafio é garantir que as famílias que saem do programa não voltem a ele por falta de estabilidade. A informalidade, a inflação e o custo de vida ainda são obstáculos que precisam ser enfrentados. O MDS estima que 101 mil desligamentos diretos ocorreram apenas devido a ajustes técnicos nas regras — e esse número pode aumentar em 2026, quando as mudanças estiverem totalmente implementadas.

Economistas apontam que o Brasil passa por um momento de reorganização social, onde políticas de renda e emprego precisam ser alinhadas. O sucesso do Bolsa Família dependerá da capacidade do governo em manter oportunidades reais de trabalho para as famílias que deixaram o programa.

Entre inclusão e independência econômica

Desde 2023, o novo Bolsa Família tem sido reformulado com foco em educação, saúde e empreendedorismo. O programa agora inclui benefícios adicionais, como o Apoio à Primeira Infância, focado em gestantes e lactantes, e incentivos à frequência escolar e vacinação infantil.

Essas medidas buscam aumentar o impacto do programa, oferecendo acompanhamientos contínuos e fortalecendo a “porta de saída” — mecanismos que ajudam famílias a se manterem fora da vulnerabilidade mesmo após perderem o benefício.

Para o governo federal, essa é a trajetória da inclusão produtiva: transformar o auxílio em uma base para que cada família consiga construir sua própria autonomia financeira.

O que esperar do Bolsa Família em 2026

A expectativa para 2026 é de um programa mais focado e dinâmico, com maior acompanhamento das famílias desligadas e um público cada vez mais direcionado à vulnerabilidade extrema. Estima-se que cerca de 18 milhões de lares continuem a receber o benefício, mas com constante rotatividade.

O governo também planeja expandir o acesso a cursos profissionalizantes e estabelecer parcerias com o Sebrae e o Sistema S, para transformar a assistência social em um trampolim para o emprego e o empreendedorismo.

Entretanto, analistas alertam que essa transição vai depender da manutenção do crescimento econômico. Se o mercado de trabalho desacelerar, o número de famílias que retornam ao programa pode aumentar, pressionando o orçamento público e dificultando o equilíbrio fiscal.

O Bolsa Família está em um processo de redefinição. A exclusão de 2 milhões de beneficiários em 2025 é resultado de uma política mais rigorosa, voltada para a eficiência e autonomia social. Mas, ao mesmo tempo, expõe os desafios de um país que ainda lida com desigualdades estruturais.

Para o governo, cada saída é uma conquista. Mas, para muitos brasileiros, essa transição ainda é frágil, dependendo de fatores externos como emprego, estabilidade e acesso a oportunidades de verdade.

Diego Marques

Tenho 21 anos e sou de Sobral (cidade onde foi comprovada a teoria da relatividade em 1919), atualmente, estou terminando a faculdade de enfermagem e trabalhando na redação de artigos, através das palavras, busco ajudar o máximo de usuários possíveis.

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