Dois milhões saem do programa; saiba o motivo
O Bolsa Família, um dos principais programas de assistência social do Brasil, teve um grande movimento este ano: mais de 2 milhões de famílias deixaram o programa. Isso é um recorde desde que o programa foi relançado no início do governo Lula. O motivo principal para essa saída, segundo o Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social (MDS), é o aumento da renda familiar e as novas regras de permanência.
Em outubro de 2025, somente 18,9 milhões de lares estavam recebendo o benefício. Este é o menor número desde que a atual administração começou, além de ser a menor marca desde julho de 2022, quando o programa ainda era conhecido como Auxílio Brasil. Vamos entender melhor o que está por trás dessas mudanças e como o crescimento da renda pode impactar seu cadastro.
Quem saiu do Bolsa Família em 2025
Das 2,06 milhões de famílias que deixaram o Bolsa Família, 1,3 milhão teve o benefício encerrado devido ao aumento de renda per capita. As 726,7 mil famílias restantes saíram após o fim da regra de proteção, que permitia a permanência temporária no programa por até 12 meses, recebendo metade do valor original.
O Bolsa Família é destinado a famílias com renda de até R$ 218 por pessoa. Aqueles que ultrapassam esse limite, mas ainda ganham menos de R$ 706, podem permanecer parcialmente no programa enquanto buscam estabilidade financeira.
O ministro Wellington Dias comentou que esses desligamentos são um sinal de avanços sociais e econômicos. Ele enfatizou que “quem entra no Bolsa Família só sai para cima, seja porque conquistou uma renda maior com o trabalho, seja porque abriu o próprio negócio.”
Bolsa Família e o impacto do emprego formal
O aumento no número de famílias que deixaram o Bolsa Família está atrelado à recuperação do mercado de trabalho. Dados do Caged mostram que 58% das novas vagas formais criadas no primeiro semestre de 2025 foram preenchidas por pessoas cadastradas no programa.
Além disso, uma pesquisa do Sebrae, em parceria com o MDS, revelou que 55% dos microempreendedores individuais (MEIs) do Cadastro Único começaram a empreender após a inclusão no sistema social. Isso representa cerca de 2,5 milhões de pessoas entre os 4,6 milhões de MEIs vinculados ao CadÚnico. Esses números indicam que o Bolsa Família tem funcionado como uma ponte para a autonomia econômica, estimulando tanto o empreendedorismo quanto o emprego formal.
Mudanças nas regras do Bolsa Família
As novas diretrizes do Bolsa Família começaram a valer em maio de 2025 e têm como foco direcionar recursos às famílias mais vulneráveis. Antes, o beneficiário podia continuar por até 24 meses, mesmo após ultrapassar o limite de renda, com o teto de permanência equivalente a meio salário mínimo (R$ 756). Agora, esse período foi reduzido para 12 meses e o teto de renda ajustado para R$ 706.
Essas alterações ajudaram o governo a enxugar o programa e reforçar a elegibilidade, resultando em um número menor de beneficiários ativos. O orçamento do programa para 2025 é de R$ 159,5 bilhões, cerca de R$ 10 bilhões a menos que em 2024.
Efeitos positivos e o desafio da transição
Para o governo federal, o desligamento de beneficiários do Bolsa Família não é visto como uma perda de proteção social, mas sim como um avanço estrutural. O MDS acredita que o programa está cumprindo seu papel de transição, ajudando as famílias na busca pela autonomia e segurança financeira.
Wellington Dias declarou: “É um caminho sustentável. Quanto mais avançarmos em educação e oportunidades, mais seguro será o futuro das famílias brasileiras.” O MDS estima que cerca de 101 mil desligamentos diretos foram resultado das novas regras, e esse número deve aumentar em 2026, quando as novas diretrizes terão efeito total.
Bolsa Família: entre a inclusão e a independência
Desde sua recriação em 2023, o Bolsa Família passou por ajustes técnicos e administrativos. O objetivo é equilibrar a assistência imediata e a emancipação econômica. O governo tem investido em políticas complementares, como o Apoio à Primeira Infância e o incentivo à educação, buscando integrar benefícios ao Cadastro Único.
Atualmente, o foco é fortalecer as condições para que as famílias mantenham estabilidade mesmo após deixarem o programa. Essas iniciativas visam reduzir a dependência e consolidar o Bolsa Família como uma ferramenta de mobilidade social.
O que esperar para 2026
Com as políticas de emprego e empreendedorismo avançando, a expectativa é que o Bolsa Família continue a atender um público mais específico. A meta para os próximos anos é garantir que os recursos cheguem às famílias em maior vulnerabilidade, enquanto as que já alcançaram estabilidade sigam recebendo acompanhamento através do CadÚnico.
O MDS espera que o programa se mantenha robusto, mas com uma maior rotatividade, refletindo uma dinâmica saudável de saída do sistema de assistência. Contudo, especialistas ressaltam que a sustentabilidade do avanço vai depender da continuidade do crescimento econômico e da geração de empregos formais.

 
						



