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A crise silenciosa que afeta a classe média nos EUA

A economia americana, reconhecida por sua resiliência, começa a mostrar sinais de preocupação. Mesmo com o mercado de ações em alta e indicadores de emprego relativamente estáveis, uma crise silenciosa se instala nas garagens e estacionamentos dos Estados Unidos: a inadimplência em financiamentos automotivos está aumentando rapidamente.

Conforme dados da Fitch Ratings, cerca de 6,5% dos financiamentos de carros considerados subprime estão com atraso superior a 60 dias, algo que não ocorria há mais de dez anos. Para muitos especialistas, isso é um sinal claro de que a classe média e os consumidores de baixa renda estão chegando ao limite da sua capacidade financeira.

O carro como símbolo de uma economia em tensão

Nos Estados Unidos, o carro não é apenas um bem; é uma necessidade diária. Em muitas regiões, o transporte público é bastante limitado, fazendo do automóvel um item essencial para trabalhar, estudar e até fazer compras.

Além disso, o aumento nos atrasos das parcelas dos veículos funciona como um verdadeiro termômetro das finanças familiares. Quando as pessoas começam a atrasar o pagamento do carro, é porque já cortaram gastos em outras áreas e estão atoladas em dívidas.

A escalada dos juros e o peso do crédito

Durante a pandemia, o governo americano injetou trilhões de dólares na economia. As famílias receberam auxílio direto, tiveram acesso a linhas de crédito mais baratas e puderam suspender os pagamentos de empréstimos estudantis. Esse cenário trouxe um alívio momentâneo: a poupança das famílias aumentou e o crédito ficou mais acessível, especialmente para aqueles com renda mais baixa.

Os bancos, aproveitando essa fase de bonança, afrouxaram os critérios de concessão de crédito, permitindo que muitos comprassem carros com prazos longos de até 84 meses, aparentemente facilitando o pagamento das parcelas.

Um ciclo de desvalorização e endividamento

Durante a pandemia, os preços dos carros usados dispararam devido à falta de componentes e a interrupção da produção. Quando o mercado começou a se recuperar, os veículos perderam valor rapidamente.

Isso resultou em um efeito colateral preocupante: muitos motoristas estão devendo mais do que o valor do carro. Ao tentarem vender seus automóveis, não conseguem quitar o financiamento, e acabam presos em um ciclo de endividamento crescente.

Efeitos em cadeia: quando a inadimplência se espalha

A inadimplência já afeta empresas do setor, como a falência da First Brands, que fabrica peças automotivas, e da Tricolor Holdings, uma financeira voltada para consumidores de baixa renda e imigrantes. Esses acontecimentos acendem um alerta em Wall Street e mostram como a crise pode se espalhar.

A conta da pandemia está sendo cobrada

Com o fim dos programas de auxílio, as famílias começaram a usar suas economias para cobrir contas essenciais. A poupança acumulada durante a pandemia está quase no fim. Além disso, o retorno dos pagamentos dos empréstimos estudantis, suspensos por quase três anos, só piorou a situação, drenando a renda que antes era destinada a cobrir parcelas de carros, aluguel e alimentação.

O impacto na classe média

Embora a inadimplência ainda não ameace o sistema financeiro como um todo, ela revela uma divisão crescente na economia americana. Os mais ricos continuam se beneficiando do mercado e dos investimentos, enquanto a classe média e os consumidores subprime enfrentam uma crise de endividamento semelhante à de 2008.

FAQ – Perguntas frequentes

1. Por que os americanos estão atrasando o pagamento dos carros?
O principal motivo é a combinação de juros altos, perda de renda real e o fim dos auxílios emergenciais.

2. O que é financiamento automotivo subprime?
São empréstimos para pessoas com histórico de crédito ruim, considerados de maior risco para os bancos.

3. Essa crise pode causar uma nova recessão?
Apesar de o impacto direto ser limitado, a alta inadimplência pode reduzir o consumo e desacelerar a economia.

4. Por que os carros valem menos do que as dívidas?
Os preços dos veículos usados dispararam na pandemia. Com a normalização, os valores caíram, e muitos consumidores ficaram “debaixo d’água”.

5. A inadimplência afeta apenas os mais pobres?
Não. Embora os mais vulneráveis sintam o impacto maior, a pressão financeira já atinge parte da classe média, que enfrenta salários estagnados e custos elevados.

A crise dos financiamentos automotivos é um reflexo do colapso silencioso da classe média americana. As dívidas crescentes, os altos juros e os salários estagnados revelam uma economia desigual. Enquanto Wall Street festeja, muitas famílias lutam para manter o carro na garagem e as contas em dia.

Diego Marques

Tenho 21 anos e sou de Sobral (cidade onde foi comprovada a teoria da relatividade em 1919), atualmente, estou terminando a faculdade de enfermagem e trabalhando na redação de artigos, através das palavras, busco ajudar o máximo de usuários possíveis.

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