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Burocracia dificulta uso do FGTS na recuperação judicial e transação fiscal em 2025

Obstáculos legais e processos travados prejudicam empresas em crise, afetando empregos e economia.

A recuperação judicial é uma ferramenta importante para ajudar empresas em crise no Brasil a reorganizarem suas finanças. Ela permite que as organizações negociem suas dívidas, mantendo as atividades e empregos, ao invés de falirem imediatamente.

Apesar das melhorias recentes na legislação, a burocracia ainda é um dos maiores empecilhos para que esses mecanismos funcionem bem. Um dos principais problemas está na relação entre a transação fiscal — oportunidade de renegociar dívidas com o governo — e o uso do FGTS, que teoricamente deveria facilitar processos, mas acaba virando mais um obstáculo.

O que é a recuperação judicial?

Criada em 2005 e atualizada em 2020, a recuperação judicial permite que empresas renegociem suas dívidas diante de dificuldades financeiras. O objetivo é dar fôlego para que consigam continuar funcionando, negociando prazos e valores com credores de forma mais justa para todas as partes.

Esse instrumento tem papel fundamental na economia, pois ajuda a preservar empregos diretos e indiretos, mantém a produção ativa e garante a arrecadação de impostos. Também reduz a quantidade de processos judiciais longos e complexos.

Transação fiscal: uma alternativa para renegociar dívidas

A transação fiscal surgiu como forma de facilitar o pagamento de tributos devidos à União, permitindo descontos, prazos maiores e até o uso de créditos para compensação.

A ideia é equilibrar a necessidade do Estado arrecadar com o direito das empresas de sobreviverem.

Com a transação fiscal, as companhias podem reduzir multas e juros, alongar prazos e pagar dívidas com condições mais realistas para quem está em crise.

A dificuldade com o FGTS na negociação

O Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) tem natureza trabalhista, mas também envolve a União, que o administra.

Para empresas em recuperação judicial, é fundamental apresentar certidões negativas para conseguir aprovar planos e operações financeiras.

No entanto, a legislação atual dificulta a inclusão do FGTS nas negociações de transação fiscal, criando divergências quanto a como ele deve ser tratado e impondo exigências que dificultam a regularização.

Por que o FGTS é um problema?

  • É obrigatório ter pendências zeradas para manter a regularidade fiscal
  • Dívidas com o FGTS bloqueiam acesso a crédito e contratos com o setor público
  • Existem interpretações jurídicas diferentes sobre a possibilidade de negociação junto à recuperação judicial

A burocracia maior que a lei

Apesar da lei existir para flexibilizar e ajudar as empresas, muitos enfrentam barreiras no caminho por causa de exigências excessivas e falta de integração entre órgãos públicos.

Empresários relatam que esses obstáculos não só atrasam como às vezes impedem a recuperação.

Exemplos de entraves:

  • Pedido de certidões negativas específicas e demoradas
  • Sistemas desconectados entre Receita Federal, Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) e Caixa Econômica Federal
  • Necessidade de declarações e aprovações adicionais que atrasam prazos e decisões

Consequências para a economia real

A demora e dificuldades para usar a transação fiscal e o FGTS fazem empresas com potencial de recuperação fechar as portas.

Isso gera demissões em massa, menor arrecadação futura para o governo e aumento de processos judiciais, gerando insegurança jurídica.

Contraste entre intenção e prática

O discurso oficial promove a simplificação e incentivo à recuperação, mas a realidade mostra um excesso de exigências que acaba dificultando o processo.

A transação fiscal, que deveria ser uma ferramenta de alívio, vira uma jornada burocrática exaustiva, principalmente quando envolve o FGTS.

Como melhorar essa situação?

Especialistas sugerem que o caminho está na integração tecnológica dos órgãos e clareza nas regras para aplicar a lei de forma prática.

Principais propostas são:

  • Criar sistema unificado para emissão de certidões e comprovação de regularidade fiscal
  • Definir com clareza como o FGTS pode ser incluído nas negociações
  • Estabelecer prazos automáticos para análise e homologação de pedidos
  • Capacitar servidores para entender e aplicar a legislação de forma consistente

Papel do Judiciário e da Procuradoria

O Judiciário tem atuado para garantir que empresas possam incluir dívidas de FGTS nas negociações, evitando bloqueios injustos.

A PGFN vem ampliando programas de transação, mas enfrenta o desafio de alinhar sua atuação com Caixa e Receita, para que o processo flua melhor.

O que esperar para o futuro?

Com o crescimento do número de empresas em recuperação judicial, impulsionado por crises econômicas recentes, a necessidade de simplificar aumenta.

Tendências apontam para:

  • Uso de inteligência artificial para cruzamento rápido de dados
  • Emissão automática de certidões
  • Expansão de programas especiais para negociação tributária
  • Maior cooperação entre União, estados e municípios para unificar regras

Ter um sistema moderno e integrado é fundamental para preservar empregos, manter o funcionamento das empresas e garantir a arrecadação de forma justa e sustentável.

Janaína Silva

Amante da leitura desde sempre, encontrei nas palavras um refúgio e uma forma poderosa de expressão. Escrever é, para mim, uma paixão que se renova a cada página, a cada história contada. Gosto de transformar ideias em textos que tocam, informam e inspiram. Entre livros, pensamentos e emoções, sigo cultivando o prazer de comunicar com autenticidade.

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