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Cinco táticas de marketing em embalagens a desmascarar já

Ao passear pelos corredores de um supermercado, é impossível não perceber o turbilhão de informações que nos cercam. As embalagens parecem gritar, com palavras como “Gourmet”, “Artesanal” e “Fonte de Vitaminas”, todas tentando chamar a nossa atenção. Essas expressões são estratégias de marketing pensadas para nos convencer de que o produto é melhor, mais saudável ou mais gostoso — e, claro, que justificarão o preço mais alto.

O problema é que, muitas vezes, essas promessas brilhantes na frente dos pacotes escondem uma realidade bem menos atraente na lista de ingredientes que vem atrás. Este texto serve como um guia prático para ajudá-lo a entender a linguagem da indústria, reconhecer as táticas de marketing mais comuns e focar no que realmente importa. Assim, você protege não só a sua saúde, mas também o seu bolso, evitando gastos desnecessários com produtos que prometem muito e entregam pouco.

Quais são as “palavras mágicas” que encarecem um produto sem agregar valor real?

Existem termos que, quando aparecem na embalagem, parecem adicionar um selo instantâneo de qualidade. Palavras como “Premium”, “Gourmet” e “Artesanal” fazem parte deste jogo de sedução. O detalhe é que, no Brasil, muitas dessas expressões não possuem uma regulamentação clara que defina exatamente o que elas significam. Assim, uma grande indústria pode rotular um produto como “caseiro” ou “artesanal”, mesmo que ele tenha sido produzido em larga escala e sem os métodos tradicionais.

Esses termos atuam como gatilhos psicológicos, instigando uma percepção de valor e exclusividade que pode fazer o consumidor pagar mais por um item que, na verdade, é muito parecido com o seu concorrente “comum”. É crucial ter essa percepção de que o brilho da embalagem muitas vezes esconde uma realidade muito mais simples.

O selo “sem glúten” em um pacote de café faz algum sentido?

Nada disso, e essa estratégia é uma das mais engenhosas e enganosas do mercado. O café, assim como arroz, milho e carnes, é um alimento naturalmente sem glúten. Portanto, colocar um selo de “Sem Glúten” em um pacote de café é como colocar “Sem Espinhos” em uma banana. A informação até é verdadeira, mas não faz sentido algum.

Essa estratégia visa chamar a atenção do consumidor que busca uma alimentação mais saudável, mas muitas vezes, quem não tem um conhecimento técnico aprofundado acaba caindo na armadilha. Ver o selo pode levar as pessoas a pensar que aquela marca está mais preocupada com a saúde, fazendo elas se disporem a pagar um preço mais alto por um benefício que na verdade, todo café já oferece.

Como a “maquiagem da saúde” esconde o açúcar e o sódio em produtos “fit”?

Essa técnica, conhecida como health washing ou “maquiagem da saúde”, destaca uma qualidade positiva para desviar a atenção de características negativas do produto. Um exemplo comum são as barras de cereal que exibem na frente “Fonte de Fibras” ou “Com Frutas de Verdade”.

Porém, ao virar a embalagem e olhar a lista de ingredientes, você pode descobrir que o primeiro ou segundo item é açúcar, xarope de glicose ou gordura vegetal. A alegação sobre as fibras pode ser verdadeira, mas é uma cortina de fumaça que mascara o fato de que o produto é uma guloseima ultraprocessada, carregada de açúcar.

A nova rotulagem nutricional da ANVISA ajuda a combater essas táticas?

Sim, e de forma muito eficiente. A rotulagem nutricional frontal implementada pela ANVISA se tornou uma ferramenta poderosa para os consumidores brasileiros. Aquele selo preto em formato de lupa que avisa sobre o excesso de “ALTO EM AÇÚCAR ADICIONADO”, “ALTO EM GORDURA SATURADA” e “ALTO EM SÓDIO” faz toda a diferença.

Essa etiquetagem é obrigatória e está na parte da frente da embalagem, permitindo que você identifique rapidamente o que está comprando. Assim, mesmo que o rótulo tente destacar que o produto é uma “Fonte de Vitaminas”, se ele também tiver um selo de “ALTO EM AÇÚCAR ADICIONADO” ao lado, você terá uma visão mais clara do que realmente está levando para casa.

O tamanho da embalagem pode enganar sobre a quantidade do produto?

Com certeza pode! A indústria usa uma estratégia chamada “slack-fill”, que é a diferença entre o tamanho da embalagem e o volume de produto dentro dela. Um exemplo clássico são os sacos de batata frita que parecem cheios, mas têm uma boa quantidade de “ar” dentro (na verdade, nitrogênio para manter a crocância).

Um pouco de espaço vazio é necessário para proteger produtos frágeis, mas embalagens exageradamente grandes podem enganar o consumo. A regra é simples: ignore o tamanho da embalagem e foque no peso líquido. Ao comparar produtos, sempre verifique o preço por quilo ou por litro para saber qual deles é verdadeiramente mais vantajoso.

Qual é a arma secreta do consumidor para nunca mais ser enganado por uma embalagem?

A arma secreta já existe e muitas vezes é ignorada: a habilidade de ler a parte de trás do pacote. Para se proteger contra promessas vazias e marketing enganoso, o consumidor pode facilmente criar o hábito de analisar as informações nutricionais e de composição.

Siga este checklist prático:

  • Leia a lista de ingredientes: A ordem é decrescente; o primeiro ingrediente é o que está em maior quantidade. Se açúcar ou gordura estão no topo, é bom ficar atento.
  • Verifique a tabela nutricional: Preste atenção nas quantidades de açúcares adicionados, gorduras saturadas e sódio por porção.
  • Olhe os selos frontais da ANVISA: Os selos em formato de lupa são um alerta rápido sobre a qualidade nutricional.
  • Compare o peso líquido: Não se deixe enganar pelo tamanho da embalagem e calcule o preço por quilo ou litro para uma comparação justa.

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