Todo mundo já ouviu que não se deve ir ao supermercado com fome, certo? Essa sabedoria popular sugere que isso pode ser um desastre financeiro, com o carrinho cheio de doces e um orçamento estourado. Mas será que essa ideia é mesmo tão verdadeira? Para descobrir, fazemos uma experiência bem interessante.
Convidamos a Ana e o Bruno para o mesmo desafio: fazer a compra semanal com um orçamento de R$ 150,00 e uma lista de itens básicos. A única diferença? A Ana foi ao mercado depois do almoço, enquanto o Bruno foi em jejum ao final da tarde. E os resultados nos cupons fiscais revelaram muito mais do que esperávamos.
Como foi o experimento com R$ 150?
Para garantir que nossos participantes tivessem as mesmas condições, criamos um cenário igual para os dois. Ambos receberam uma lista com oito itens essenciais e um orçamento fixo de R$ 150,00 para gastar.
A lista de compras era a seguinte:
- 1 kg de filé de frango
- 1 dúzia de ovos
- 1 pão de forma
- 1 litro de leite
- 1 pé de alface
- 4 tomates
- 2 cebolas
- 1 kg de arroz
A missão era simples: comprar tudo na lista e, caso sobrasse algum dinheiro, usar o que quisessem.
O carrinho da Ana: foco e economia
A Ana foi rápida e objetiva. Com a barriga satisfeita, ela não teve a tentação de visitar os corredores dos snacks. Seguiu direto para as seções de hortifrúti, padaria e açougue, pegando cada item da lista, conferindo os preços e rumando para o caixa.
O resultado? Um carrinho que seguiu o planejamento. Com o troco, ela se permitiu comprar um iogurte natural e um pouco de queijo minas, que seriam perfeitos para o café da manhã. Sua escolha foi lógica e refletem suas necessidades.
O carrinho do Bruno: a jornada pelas tentações
A história do Bruno foi bem diferente. Assim que entrou no supermercado, o cheiro de pão de queijo o atraí. Embora não estivesse na lista, ele não resistiu e pegou um pacote. No corredor de congelados, uma pizza de calabresa em promoção parecia irresistível para uma refeição rápida. A fome fez com que ele se esquecesse do planejamento e fosse em busca de soluções imediatas.
No corredor de salgadinhos, ele cedeu ainda mais: um pacote grande de batatas chips, uma barra de chocolate e um refrigerante de 2 litros acabaram indo para o carrinho. Quando chegou ao caixa, achou que tinha feito um bom negócio, mas a realidade seria bem diferente.
O que as notas fiscais mostraram?
Ao comparar os cupons, o resultado foi impressionante. Ambos gastaram quase o mesmo valor, mas o conteúdo dos carrinhos era bem diferente.
Cupom da Ana:
- Filé de frango (1kg): R$ 24,00
- Ovos (1 dúzia): R$ 12,00
- Pão de forma: R$ 9,00
- Leite (1L): R$ 5,50
- Alface, tomate, cebola: R$ 18,00
- Arroz (1kg): R$ 6,50
- Iogurte natural: R$ 11,00
- Queijo minas (200g): R$ 15,00
Total: R$ 101,00 (economia de R$ 49,00)
Análise: 100% de itens nutritivos.
Cupom do Bruno:
- Filé de frango (1kg): R$ 24,00
- Ovos (1 dúzia): R$ 12,00
- Pão de queijo congelado: R$ 22,00
- Pizza congelada: R$ 32,00
- Batatas chips (pacote grande): R$ 18,00
- Barra de chocolate: R$ 9,50
- Refrigerante (2L): R$ 9,00
Total: R$ 126,50
Análise: Apenas 30% dos itens da lista original. Ele esqueceu do pão, leite, arroz e vegetais. O carrinho estava cheio, mas a cesta de compras não tinha o essencial.
Por que a fome nos engana?
Os resultados do Bruno não têm a ver com falta de disciplina. Quando estamos famintos, o corpo libera a grelina, um hormônio que alerta ao cérebro que precisamos de energia. Isso faz com que a mente busque calorias rápidas e recompensas imediatas. Nesse estado, áreas do cérebro que cuidam do planejamento e do autocontrole ficam “desligadas”, enquanto outras que pedem açúcar e gordura se tornam mais ativas. Por isso, os alimentos ultraprocessados acabam parecendo atraentes, enquanto os legumes parecem sem graça.
Como se proteger da armadilha da fome e economizar?
A experiência deixou uma lição valiosa: o estado do estômago pode ditar suas compras. Para não cair nas mesmas armadilhas que o Bruno, adote algumas dicas simples:
Coma um lanche antes de ir: Uma fruta ou um punhado de nuts podem ajudar a controlar a fome e a manter a mente clara.
Leve uma lista: Ter um planejamento e se comprometer a segui-lo é fundamental para resistir às tentações.
Comece pelo hortifrúti: Encher o carrinho primeiro com itens saudáveis reduz a chance de levar guloseimas.
- Evite os ‘corredores da perdição’: Se você é fã de doces, planeje seu percurso para não passar pelos locais que podem te fazer ceder às tentações.
Com essas estratégias em mente, suas compras podem ficar mais alinhadas com suas necessidades e seu bolso!
